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Fortaleza (CE) – Poucos brasileiros sabem, mas é na Praia do Futuro, em Fortaleza, que o Brasil se conecta com o mundo digital. Considerado o segundo maior hub de dados do planeta, atrás apenas de Shima, no Japão, o local concentra 16 cabos submarinos que ligam o país diretamente a continentes como América do Norte, Europa e África.
Essas verdadeiras “rodovias submarinas da informação” são responsáveis por transportar até 97% de todo o tráfego internacional de internet que chega ao território brasileiro, segundo dados da Anatel.
Um mapa estratégico da conexão global
Os cabos instalados na Praia do Futuro garantem ao Brasil comunicação direta com:
Estados Unidos (via Flórida e Nova Jersey)
Portugal e outros países europeus, por meio do cabo EllaLink
África, com destaque para Angola e Camarões
América Latina e Caribe, incluindo Colômbia, Panamá, México e ilhas do Atlântico
Um dos principais projetos recentes é o EllaLink, cabo inaugurado em 2021, que conecta diretamente Fortaleza a Sines, em Portugal. Trata-se do primeiro cabo submarino direto entre América do Sul e Europa, com alta velocidade e baixa latência — ideal para aplicações como videoconferências, jogos online e serviços financeiros.
Outro destaque é o cabo SACS, que liga Fortaleza a Luanda, capital de Angola, e encurta em até 60% o tempo de resposta entre os continentes.
Por que Fortaleza?
A capital cearense se tornou esse polo de conexão por reunir três vantagens principais:
1. Proximidade geográfica com a Europa e a África
2. Condições geológicas favoráveis para a instalação dos cabos
3. Boa infraestrutura urbana e tecnológica
Além disso, a cidade abriga centros de dados modernos, como o da Angola Cables, que processam e distribuem o sinal para outras regiões do Brasil e da América Latina.
Riscos e desafios
O peso estratégico da Praia do Futuro é tão grande que especialistas alertam: qualquer incidente na região pode comprometer a internet de todo o país.
Em 2023, a instalação de uma usina de dessalinização próxima aos cabos gerou polêmica. Empresas do setor alegaram risco à integridade dos cabos, o que reacendeu o debate sobre a centralização da estrutura de comunicação do Brasil.
O governo federal, por meio da Anatel e do Ministério das Comunicações, já discute propostas para descentralizar os pontos de aterramento e criar novas rotas de entrada de dados em outras regiões do litoral.
Futuro digital passa pelo Ceará
Seja para assistir a vídeos, trabalhar remotamente, jogar online ou transferir grandes volumes de dados, é muito provável que sua conexão tenha passado por Fortaleza. O avanço da conectividade global tem, literalmente, um dos seus principais pontos de entrada nas areias da Praia do Futuro.
Curiosidade:
Você sabia que o fundo do mar guarda mais de 500 cabos submarinos em todo o mundo, que juntos somam mais de 1,4 milhão de quilômetros? Eles são mais rápidos e seguros do que satélites para transmitir dados de alta velocidade.
Fonte: BBC Brasil, Anatel, Submarine Cable Map, Ministério das Comunicações.
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