Libertarianismo, Conservadorismo e a Moral Tradicional.
🅱️LOG SEM 🅰️RRUDEI🅾️
O libertário defende a mesma moral tradicional, princípios e costumes cristãos, bem como a filosofia grega, que o conservador defende.
Acontece que o conservador quer que o Estado aplique positivamente (legalmente, em termos amplos) esse sistema moral, como uma doutrina absoluta de governo que, no fundo, deveria ser seguida totalmente pela população.
Ele é indutivo na relação com a moral tradicional e faz dessa moral um instrumento proativo estatal — de governo.
E o conservador defende necessariamente o Estado moderno, além de um modelo econômico sempre supervisionado de perto por ele, em maior ou menor grau — sendo, em regra, o liberalismo ou neoliberalismo, mas podendo ser o mercantilismo, o desenvolvimentismo ou o social-desenvolvimentismo, etc.
Já o libertário quer que essa moral tradicional apenas sirva de inspiração para as ações de governo do poder político (“Estado”*) e que seja transformado/convertido em lei o mínimo possível dos princípios da moral tradicional para esse poder constituído (“Estado”), de modo a assegurar sempre a soberania dos direitos individuais.
O libertário é sugestivo/propositivo na condução dessa moral tradicional, distanciando ao máximo possível seu sistema moral do poder constituído (“Estado”) — mas sem esvaziar o “Estado” da essência moral que ele precisa ter.
Um pouco na linha do liberalismo clássico, só que o liberal aceita o Estado mínimo, e o libertário idealmente nega o Estado — sendo, pois, a ideia de moral tradicional uma fonte inspiradora à nova ideia de poder central que ele tem — e que não é o Estado.
O caso de defesa da vida — e combate ao aborto — é um bom exemplo disso.
Para o libertário tradicional/jusnaturalista, que está necessariamente dentro do universo da filosofia clássica e do cristianismo, o direito individual abrange já a pessoa do nascituro: está vivo e presente desde a concepção.
Nesse tema, conservadores, liberais e libertários se unem.
[Não cabe discutir o mérito do tema aborto, porque não é o foco, e vocês já sabem qual o entendimento do direito natural e do cristianismo sobre isso.]
A distinção entre conservadores e libertários jusnaturalistas está na relação entre moral e Estado (poder), não na negação dessa moral.
O libertário não defende o Estado moderno.
O libertário, no máximo, defende o modelo medieval de sistema político que é o poder constituído: uma espécie de semi-Estado.
E um modelo econômico livre do Estado, em que a sociedade, com suas instituições civis autônomas, fiscalizem as práticas morais essenciais ao funcionamento da economia e da política.
O termo conservador se aplica, portanto, a um modelo político de sociedade e Estado em que a moral tradicional é parte concreta desse modelo, mas não é um termo que define e encerra a cosmovisão moral ou espiritual de um ser humano.
Por isso, ele não é um termo totalmente metafísico e puramente filosófico, mas um termo de classificação político-ideológica, isto é, próprio da ciência/filosofia política e não da filosofia pura (existencial).
Se alguém pretende assumir-se como moralmente “conservador”, essa pessoa deve se definir como sendo tradicional — e, se for mais no campo da ética, como alguém clássico.
A moral tradicional é um universo comum para muitas cosmovisões e ideologias políticas distintas, que abrange até mesmo setores da esquerda (obviamente, os setores não revolucionários).
E o conservadorismo é uma representação política (mais uma dentre várias vias políticas) desse universo superior e metafísico da moral tradicional.
O libertarianismo também, só que se desenvolve por meios (e processos) distintos e produz resultados sociais distintos.
Breve Diferença entre Libertarianismo e Liberalismo:
Enquanto o libertário não defende Estado nenhum (sobretudo o moderno), o liberal clássico defende o Estado mínimo: um modelo de Estado menor e menos intervencionista que o modelo absolutista defendido pelo conservador, que é, ironicamente, o primeiro modelo moderno e revolucionário.
Porém, o liberal clássico ainda defende o Estado moderno e um programa econômico minimamente associado a ele — pois nem mesmo o livre mercado liberal escapa totalmente do Estado moderno.
Advogado Diego Dusol
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