Política

O risco de a Síria se tornar um “Afeganistão 2.0” é real e preocupante.

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O cenário político e social na Síria, marcado por mais de uma década de guerra civil, é complexo e repleto de nuances que desafiam análises simplistas. A queda de Bashar al-Assad, se ocorrer, não necessariamente significa um avanço democrático ou estabilidade para o país. Pelo contrário, a possibilidade de figuras como Muhammad al-Jolani ganharem proeminência levanta preocupações legítimas sobre o futuro da Síria.

Muhammad al-Jolani, líder da Frente al-Nusra (agora rebatizada como Hay’at Tahrir al-Sham, HTS), é uma figura controversa. Embora sua organização tenha tentado se distanciar da Al-Qaeda e projetar uma imagem de “moderação” para ganhar legitimidade política, suas raízes no jihadismo e o histórico de crimes cometidos por suas forças são inegáveis. Sua ascensão ao poder representaria uma guinada ainda mais drástica para a aplicação de uma agenda islâmica radical no território sírio.

A comparação com o Afeganistão ou a Somália não é descabida, especialmente se considerarmos os desafios de reconstrução e estabilização em um cenário pós-guerra. A fragmentação de poder entre grupos jihadistas, tribais e remanescentes do regime de Assad pode levar a um vácuo de poder prolongado, permitindo que organizações extremistas proliferem e imponham sua agenda por meio da força.

Por outro lado, é importante reconhecer que, enquanto a mídia ocidental e alguns líderes europeus podem celebrar o fim de um regime autoritário como o de Assad, há uma tendência de subestimar os riscos associados aos atores que podem substituí-lo. A história recente do Oriente Médio está repleta de exemplos de intervenções ou mudanças de regime que, longe de resolver problemas, abriram espaço para cenários ainda mais caóticos e violentos.

A solução para a Síria exige mais do que a queda de um ditador ou a ascensão de um novo líder. É necessário um esforço internacional coordenado, incluindo negociações entre as potências regionais e globais, além de mecanismos que garantam uma transição inclusiva e a reconstrução do país. Sem isso, o risco de a Síria se tornar um “Afeganistão 2.0” é real e preocupante.

Editora Claudia Wild

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