Política

O PESO DA MEMÓRIA E A URGÊNCIA DA JUSTIÇA: Reflexões Sobre a Tortura e a Perseguição Política no Brasil.

🅱️LOG SEM 🅰️RRUDEI🅾️

A tortura e o assassinato de presos políticos são, e sempre serão, inaceitáveis. Não importa o contexto, a motivação ou o campo ideológico: a dignidade humana não é seletiva. A prática de atos desumanos não se torna legítima quando justificada por ideologias, nem pode ser relativizada conforme a narrativa de ocasião. Tortura não tem lado bom. Assassinato político não tem justificativa. Essa deveria ser uma regra inquestionável – e universalmente aceita.

No entanto, em pleno século XXI, o Brasil se vê diante de uma inquietante distorção desse princípio. Centenas de cidadãos considerados “presos políticos” encontram-se hoje atrás das grades, em um contexto que muitos já comparam, com razão, ao dos anos de chumbo do regime militar. A diferença? Boa parte desses indivíduos sequer cometeu crime algum — foram transformados em reféns de um discurso político punitivista e usado como exemplo para calar opositores.

Os julgamentos ligados ao episódio de 8 de janeiro são, nesse sentido, emblemáticos. A severidade das penas aplicadas contrasta de forma absurda com o tratamento conferido a criminosos violentos, como assassinos, pedófilos e sequestradores que, em muitos casos, estão soltos, beneficiados por brechas no sistema judicial. Isso é justiça? Ou estamos, novamente, diante de uma justiça de exceção?

Essa mesma justiça seletiva é a que se cala frente a nomes como o do tenente Alberto Mendes Júnior, assassinado em 1970 por membros da Vanguarda Popular Revolucionária, entre eles o notório Carlos Lamarca. Em plena mata do Vale do Ribeira, após render-se como refém para salvar companheiros feridos, Mendes Júnior foi julgado por um “tribunal revolucionário” e executado a golpes de coronha. Tinha 23 anos. Era um jovem idealista, pobre, cristão, leal aos seus, que morreu com coragem, mas sem glória pública.

Enquanto muitos nomes ligados à luta armada são hoje reverenciados com filmes, livros e homenagens oficiais, Mendes Júnior permanece no esquecimento. Por quê? Seria sua morte menos trágica por ter ocorrido pelas mãos da esquerda armada? Sua vida vale menos por não fazer parte do cânone revolucionário? Sua fé, sua simplicidade, seu anonimato popular o tornam invisível à memória nacional?

Essa omissão histórica é tão grave quanto a injustiça presente. O silêncio diante do sofrimento de uns e o alarde diante de outros revela um Brasil dividido não apenas por ideologias, mas por critérios morais perigosamente dúbios. É tempo de reconhecer todos os mortos, todos os torturados, todos os perseguidos — sejam de ontem, sejam de hoje. É tempo de justiça plena, que não veja cor partidária, mas sim o valor da vida e o peso da liberdade.

Enquanto não homenagearmos igualmente um Capitão Alberto e não denunciarmos com a mesma veemência casos como o do deputado Daniel Silveira — preso e silenciado por sua expressão política — continuaremos a viver sob um regime onde o direito não é mais direito, mas instrumento de poder.

E regimes assim têm nome. Mesmo que tentemA DITADURA AINDA ESTÁ AQUI

Por Paulo Briguet escondê-lo sob o verniz da legalidade.

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