FILHA DE DEPUTADO WILSON SANTIAGO GANHA CARGO DE ALTO SALÁRIO NA CAIXA — MAIS UM RETRATO DO “CABIDE DE LUXO” NAS ESTATAIS
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A advogada Mayara Raissa Santiago, filha do deputado federal Wilson Santiago (Republicanos-PB), figura entre os 15 assessores especiais da presidência da Caixa Econômica Federal que não são servidores de carreira do banco. A presença da filha do parlamentar paraibano na lista, divulgada após determinação da Controladoria-Geral da União (CGU), reacendeu o debate sobre apadrinhamento político e uso de cargos estratégicos em estatais como moeda de influência.
Segundo apuração da Folha de S. Paulo e de portais como Paraíba Online e O Bastidor, os cargos em questão estão entre os mais disputados da Caixa, com salários que podem se aproximar dos R$ 40 mil mensais. A instituição, entretanto, não revelou oficialmente os valores nem as atribuições exatas dos assessores — todos vinculados diretamente ao gabinete da presidência.
Mayara Santiago já havia ocupado cargos públicos de confiança: em 2018, foi nomeada Secretária de Representação Institucional da Paraíba em Brasília, substituindo a própria mãe na função durante o governo Ricardo Coutinho (PSB). Agora, volta à cena pública em uma função de alto prestígio na estatal federal.
A Caixa, em nota, justificou que todas as designações “seguem normas internas, critérios de governança e compliance”. Contudo, a CGU contestou parte dessas explicações, afirmando que o banco resistiu por meses a divulgar os nomes sob o argumento de “risco à segurança” e “concorrência desleal”. A Controladoria considerou as justificativas infundadas e determinou a publicação integral da lista.
Além de Mayara, a relação inclui outros nomes ligados a figuras políticas, como a ex-esposa do ministro Kassio Nunes Marques (STF) e o irmão de um prefeito aliado do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). O conjunto reforça a imagem da Caixa como um território de influência cruzada entre partidos e grupos de poder.
Para especialistas em governança pública, casos como o de Mayara Santiago evidenciam a fronteira cada vez mais tênue entre a competência técnica e o favorecimento político na ocupação de cargos estratégicos. “Essas posições são sensíveis, de alto impacto e deveriam ser preenchidas por mérito comprovado — não por parentesco ou capital político”, avalia um consultor ouvido sob reserva.
Enquanto a Caixa insiste em tratar o caso como “dentro da normalidade institucional”, o episódio alimenta a percepção de que a estatal, um dos pilares financeiros do país, segue servindo de abrigo para apadrinhados de diferentes legendas e governos.
Em tempos de ajuste fiscal e cobrança por transparência, a nomeação de Mayara Santiago soa como mais um símbolo do privilégio e da política de bastidores que insiste em sobreviver dentro das estatais brasileiras.
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