Política

COBRE-SE CORTE, GASTA-SE MAIS: O Congresso Dá Aula de Esquizofrenia Fiscal em Brasília

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Em uma semana marcada por intensas cobranças ao governo Lula para cortar gastos e ajustar as contas públicas, deputados e senadores protagonizaram um espetáculo à parte — e não foi de coerência. Ignorando o próprio discurso de austeridade, o Congresso Nacional aprovou projetos que, na prática, aumentam despesas da União e ampliam renúncias fiscais, desidratando o tão falado “pacote de corte de gastos” enviado pelo Executivo.

O contraste entre o que se diz e o que se faz não poderia ser mais evidente.

De um lado, a chantagem política

Nos bastidores e microfones, parlamentares cobraram insistentemente que o governo “faça sua parte” para conter a explosão dos gastos públicos. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), chegou a declarar que não haveria “cheque em branco” para o Palácio do Planalto, pressionando por cortes, inclusive em benefícios sociais.

Do outro, a gastança silenciosa

Na prática, o que se viu foi uma série de aprovações que elevam os custos da máquina pública:

Aumento do fundo partidário, que teve reajuste pela inflação, gerando um acréscimo de R$ 164,8 milhões, segundo estimativas;

Ampliação das emendas parlamentares, agora com menos restrições e com possibilidade de serem usadas até para pagar pessoal da saúde — algo antes proibido pelo TCU;

Manutenção e até ampliação de incentivos fiscais já existentes, mesmo sem compensações ou garantia de superávit;

Flexibilização de regras sobre supersalários e benefícios, o que desidratou a economia esperada com o pacote de cortes de gastos do governo federal.


Resultado: economia encolhe, incoerência cresce

Segundo o próprio governo, o conjunto de medidas inicialmente poderia gerar uma economia de até R$ 70 bilhões nos próximos anos. Com as mudanças feitas pelo Congresso, esse número caiu para R$ 40 bilhões — uma perda de mais de 40%.

A ironia é que tudo isso ocorre no exato momento em que o Congresso exige responsabilidade fiscal do Executivo. Ou seja, prega-se o corte, mas pratica-se o gasto.

Diagnóstico: esquizofrenia fiscal

A cena política em Brasília esta semana foi marcada por uma clara dissonância cognitiva: um Parlamento que exige cortes do governo enquanto aumenta seus próprios privilégios.
O ajuste fiscal virou discurso de palanque — e não compromisso com a realidade.

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Fonte:

Revista Fórum: “Enquanto chantageia Lula com corte de gastos, Congresso turbina emendas e fundo partidário” – 18/06/2025

Senado Federal: “Senado aprova dois projetos do pacote de corte de gastos” – 20/12/2024

Carta Capital: “Entenda as propostas de corte de gastos que Câmara e Senado aprovaram” – 2025

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